Deus é Fiel

"Façamos da oração ensinada por Jesus,
não somente a do Pai nosso,
mas também a do Pão nosso,
a fim de que todos nossos
semelhantes possam ser
saciados".

A Casa de Deus - Pastorais

Texto Referente: 3.2,3
O escritor já havia falado sobre a fidelidade de Cristo, como Sumo-Sacerdote (2.17), mas retoma o assunto de forma abrangente nesse texto.
O escritor utiliza uma passagem do Antigo Testamento para exemplificar o que queria dizer, usando o exemplo de Moisés (Nm 12.7), este recebeu testemunho do próprio Deus acerca de sua fidelidade diante da responsabilidade de guiar Israel. A diferença exposta pelo escritor fica clara quando apresenta a seguinte verdade: não há ênfase só na fidelidade, mas em quem os constituiu; além de que Moisés é tido como servo fiel e Cristo é o Filho fiel.
A comparação feita pelo escritor não é entre Jesus e os anjos, nem Adão e Abraão, mas com Moisés, pois a voz desse profeta era como a voz de Deus entre o povo hebreu, portanto, quando se falava desse homem todos paravam para dar ouvidos. O que para os judeus essa comparação é um “absurdo”, mas a superioridade de Cristo está em sua fonte e essência.

1) A Casa de Deus
A palavra oikos, traduzida como casa, não se aplica apenas a uma construção e à sua mobília, mas também à família que nela reside, incluindo os que trabalham nela.
O texto do AT usado pelo escritor faz referência a Israel, já no NT à Igreja, incluindo todos os cristãos, pois o muro que havia entre judeus e gentios foi derrubado (Ef 2.14). Diante de Deus a casa é uma só, mas do ponto de vista administrativo, são duas: a dispensação do AT, por meio de Moisés, e a do NT, mediante Cristo.
O escritor dá a idéia de uma casa edificada, mas isso para exemplificar a edificação espiritual, que frequentemente é enfatizado no NT (Hb 2.19), sendo assim, os homens tornam-se, templos vivos, onde podem desfrutar de plena comunhão com Deus. Casa aqui faz referência à família, que de fato fazemos parte da mesma família com Cristo (2.11-13).

2) Moisés e Jesus
A fidelidade de Moisés era grande, por isso foi aprovado. Mas a fidelidade de Cristo é maior, em pelo menos três questões: 1) a fidelidade de Cristo ultrapassa a de todos, inclusive a de Moisés (1.9); 2) Cristo foi fiel a um ofício mais elevado, na fundação do edifício, e Moisés foi apenas um servo no edifício; 3) na qualidade de Filho de Deus, que compartilhou sua natureza com seus irmãos, permitindo que esse edifício possua as qualidades apropriadas, que envolve uma missão e uma capacidade muito acima do que Moisés seria capaz.
Diante disso podemos observar que o propósito do escritor é de mostrar a superioridade de Cristo em relação a Moisés, e ainda podemos apontar mais três argumentos por ele utilizados:
1) A superioridade do construtor sobre a construção – Moisés foi fiel na casa, ao passo que Jesus é fiel sobre a casa.
Isso fica claro à luz do versículo 4, que diz que quem edificou a casa foi Deus, apontando para o Verbo eterno, por quem todas as coisas foram feitas. Sendo, assim Cristo como Filho, não é apenas Soberano, mas o Fundador e Construtor da Casa.
2) O Senhor é maior que o servo – isso fica claro à luz dos versos 5 e 6, quando o escritor contrasta Moisés (como servo) e Cristo (como filho).
É importante destacar que não era tarefa fácil fazer essa comparação entre Moisés e Cristo, colocando-o acima do primeiro, pois o povo judeu tinha em Moisés um referencial máximo, até porque Deus havia dado testemunho de sua importância (Nm 12.7,8).mas o escritor inspirado pelo Espírito Santo o faz de forma sábia e maravilhosa, tomando as palavras casa, servo e Filho.
Moisés é um therephon – servo livre – aquele que serve de forma voluntária na casa de seu Senhor; e não um doulos – escravo sem vontade própria – sendo assim Moisés é colocado como alguém que entende perfeitamente seu ofício e sua posição diante de Deus.
Esse argumento pode ficar assim definido: Moisés foi servo na casa de servos, sendo parte da casa; Cristo, por sua vez, é Filho na casa de filhos, sendo Autor e Fundador da casa, onde Ele mesmo reina.
3) A realização é maior e mais importante que o símbolo – e Moisés serviu de preparo e símbolo para algo que estava por vir (3.5b).

Pr. Elias Torralbo
Ministério Incendiando Vidas

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